Acabo de chegar de Curitiba e venho direto ao computador para escrever minha história sobre essa prova, peço desculpas porque vai ser um pouco longo o texto. Vamos lá.
Sexta Feira:
Cheguei na sexta feira à Curitiba, o tempo estava nublado, um pouco frio, excelente para corrida, pegamos o ônibus no aeroporto que nos deixou na porta do hotel por um custo baixo em relação ao taxi (R$8,00 p/pessoa), já gostei, rsrsrsrsrs, o hotel indicado pelo Tuco era muito bom, bem localizado, novo, a recepção foi um pouco confusa, havia muita gente chegando ao mesmo tempo, o quarto um pouco diminuto e não havia frigobar, de qualquer forma o preço foi justo (R$ 75,00 a diária para até 3 pessoas).
Sábado:
O dia amanheceu nublado, muito bom para correr, às 10:00hrs fui até a Rodoviária onde a prefeitura disponibilizou um transporte para levar os maratonistas para a retirada do kit, a cada grupo de seis pessoas saía uma kombi levando a turma, a organização já se mostrava de bom nível, retirada do kit tranquila, fomos passear, conhecemos a Arena da Baixada, o Teatro Guaíra, o shopping estação onde almoçamos e à noite fomos ao jantar de massas na Bairro Santa Felicidade, conheci muitos maratonistas, conversei bastante com a Yara Achôa e conheci o Tuco, gente boa, que me ajudou muito com dicas da cidade.
Domingo e a prova:
Se tivesse que definir numa palavra o percurso da Maratona diria traiçoeiro, vejamos:
O dia amanheceu quente, muito quente, previ dificuldades pela frente, assisti a largada do feminino às 7:30hrs e às 8:00hrs. largamos, comecei a prova de forma bem conservadora, mantendo um ritmo igual ao dos treinos e acompanhando o pelotão, dividi, na minha cabeça a prova em mini-provas de 10kms, os primeiros 10k passei com tranquilidade em 52mins. e me sentindo bem, projetei chegar aos 20k com 1h44mins e segui, no km. 11 cruzei com o Adriano Bastos (um dos favoritos da prova) trotando, perguntei como estava ele disse que pararia, elite é assim ou ganha ou para, rsrsrsrs, o percurso é cheio de pequenas subidas, ou diria elevações, as avenidas são como tapetes com ondas, se posso definir assim, a todo instante vc. sobe e desce, pouca coisa, mas isto vai minando suas energias aos poucos.
Passei o km. 20 em 1h43min. dentro do projetado, pensei, vou para 2h36min no km. 30, cruzei o km. 21 e vi um rapaz caído sendo atendido, estava realmente passando mal, segui em frente, no km. 23 e 24 muito gente andando, um sentado na calçada sem tênis, pernas esticadas, o percurso traiçoeiro começava a fazer suas vítimas, muito calor embora houvessem muitos postos de água, com a opção de escolher água natural ou gelada, esponjas molhadas pelo caminho, isotônico em dois postos, a hidratação foi farta durante a prova, pois bem, cheguei ao km. 30 em exatas 2h36min., pensei, faltam 12km e eu tenho uma boa sobra, vou bater meu recorde pessoal (3h59min na Maratona de SPaulo), projetei 3h45 a 3h50min., e segui firme, ou melhor, quase firme, já que a partir do km. 32 minhas pernas fraquejaram, os kms. passaram a demorar muito a chegar, em nenhum momento caminhei, mas a passada ficou lenta, foram 10kms de muito sofrimento e dor, somente a vontade te leva até o fim quando vc. simplesmente perde as forças, a situação piorou quando no km. 38 para 39 surgiu um viaduto bem alto, uma subida dura, e pensei do outro lado é a descida do viaduto e provavelmente linha reta, engano meu, é claro que há a descida do viaduto, mas vem então a pior subida da Maratona, talvez pior por ser no km. 39 para 40 muito difícil, ali vi muitas desistências, vi pessoas que me viam no meu passo lento e se animavam, davam 10, 20 passos ao meu lado e desistiam novamente, fiquei triste por todos eles e não foram poucos, 15, 20, 30 pessoas talvez andando ou sentando na calçada, exaustos, 3kms parecia uma eternidade, impossível alcançar e eu segui, nessa altura eu queria chegar, pouco me importava se em 4hrs ou mais, continuei e senti grande emoção, porque a última curva é fechada para a direita ao fazê-la vc. vê a placa do km. 41 e uma reta sensacional até a chegada, uma avenida bem larga e muita gente aplaudindo, gritando, te empurrando psicologicamente, te chamando pelo nome que estava impresso no número de peito, e não há como ficar insensível, próximo a chegada pequenos vasos de flores formando o corredor onde vc. passa os últimos metros até a chegada, sensacional, emocionante, conclui em 3h53min., meu novo recorde, sem dores, sem contusões, minha esposa e meu filho esperavam, soprei um beijo à eles, e diferente da última maratona, nesta eu sorri, sorri muito, desde o km. 41 meu corpo doía e eu sorria, agradecido a Deus pela oportunidade de me permitir viver minha vida de forma tão intensa, por colocar um esporte tão espetacular a minha frente e me "empurrar" para ele.
Agradeço à minha esposa e meu filhos, por tolerar os "papos chatos" de corrida, e ainda me acompanharem para as provas, agradeço ao meu treinador Fernando Moura que colocou qualidade em meus treinos, agradeço aos meus amigos pessoais e virtuais pelas palavras de apoio.
Quem venham mais e mais Maratonas, essa é minha paixão.